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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

CD Alicia Keys MTV Unplugged




             Jazz. Soul. Black Music. Blues. Hip Hop. Sintetizadores. Compositora. Voz maravilhosa. Ela e o piano. Alicia Keys. Outra inspiração. O CD e o DVD é um  projeto acústico produzido em 2005 pela MTV e demonstra a maturidade da música de uma cantora norte-americana que tocava piano desde os sete anos de idade - detalhe: clássicos mundiais como Bethoven, Chopin e Mozart. Em um clima mais intimista, ela dá um novo som para  as músicas mais cantadas pelo público. Alguém pode falar assim: - "É música americana enlatada". Já eu retruco: - "O pai dela é jamaicano e a mãe dela tem ascendência ítalo-irlandesa-escocesa. Sem contar na influência musical." Tocar piano é para fracos. Ler e contar uma história através dele é para poucos. E ela lê e canta melodias de amor, vida e ilusão com um simples acorde. Isso pra mim é fascinante. Mesmo que seja coisa de americano (para os ufanistas de plantão). Não é à toa que uma das músicas mais tocada de 2010 foi dela, aqui na versão puramente solo: Empire State Of Mind. Me permite uma história? Pois bem. Andando por aí nessas lojas de shopping, dei uma olhada na sessão de promoções e vi esse CD por R$ 9,99. Quase não acreditei. Na internet está R$ 27,90. E como todo carnaval tem seu fim, eu não tinha dinheiro e fui embora no intuito de retornar. Voltei e não vi mais o meu presente. É... alegria de pobre dura pouco. Muito pouco mesmo. E então meu pedido de Natal, Fim de ano, Ano Novo e Carnaval é: se você achar o CD na lojinha que tem o  mesmo nome da nacionalidade dela, corre pra cá e me avisa. Aliás... Pensando bem... Tá... Fica pra você. Só não esquece de me emprestar depois. Combinado? 

MTV UNPLUGGED ALICIA KEYS (2005)

Álbum que mais vendeu no mundo desde o MTV Unplugged Nirvana. 16 faixas.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sabe de uma coisa


                Felicidade pra mim é estado de espírito. É lembrança. Instantes de sorrisos. Não a encontro nas grandes coisas, nos grandes feitos ou no maior motivo sequer. Não pode ser reduzida a um mero cartão de crédito ou um carro. Felicidade é para poucos. Poucos sabem que o que compõe a felicidade não são coisas, mas pessoas. A gente pode até ter um certo prazer em possuir um objeto tão desejado. Mas depois de dois anos, ele estará esquecido na mesa ou na gaveta, ou até mesmo vendido e jogado fora. Felicidade não se tem por um segundo, na euforia desmedida e egoísta. Pra ela fazer sentido, tem que ser compartilhada em dois, três, quatro, cinco, seis... Alguém deve pensar "-oh, quem não sabe?" E eu arrisco responder "- não é o que a gente vê". Só contar nos dedos quantas pessoas ousam compartilhar a felicidade delas com alguém. Talvez porque a inveja tem sono leve. É uma pena. Há um pensamento de que quando alguém está em busca da felicidade, é porque está triste. Nem sempre. Por isso afirmo que ser feliz é para raros. Eu não me enquadro aqui. Ainda estou em busca. Talvez meus momentos de ser acordada pelos meus cachorros de manhã cedo, aquele abraço afagado de um amor, uma conversa com minha senhora na mesa de jantar, uma boa gargalhada com amigos ou tocar algumas notas no piano se resumem na minha essência de ser feliz. Cada um, ao ler esse texto, suponho que se recordou dos seus instantes felizes. A felicidade não é obrigatória. E quem a considera como tal comete um grande erro: muita expectativa pode gerar frustração. Ela, na verdade, chega quando menos espera e vai embora sem falar, exalando pequenos vestígios. O feliz é aquele que deixa a felicidade partir e não espera a sua volta. Ele sabe que um dia ela retorna. A minha já se foi, mas deixou esse texto de presente pra mim. O jeito então é cantar com Tim Maia. Essa tal felicidade, hei de encontrar. Mesmo se eu tiver que aguardar, se eu tiver que esperar...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Filme - Infância Roubada




         Trailer do filme                

                     Olhando esses últimos acontecimentos da guerra contra o tráfico de drogas no Rio, lembrei de um filme que assisti por recomendação de um amigo. O título original é Tsotsi, que é uma gíria local para criminoso, e foi gravado em uma pequena cidade sul-africana, Joanesburgo. Sim, aquela mesma da Copa do Mundo de 2010. A obra cinematográfica ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2006 e conta a história do líder de uma gangue que ao assaltar o carro de uma mulher, em um bairro luxuoso, se depara com o bebê dela no banco de carona. Sem saber o que fazer foge com o carro e a criança. Esse contato com um ser indefeso faz com que ele reflita a sua participação no mundo do crime e resgate sua dolorosa infância sem educação, de maltratos e morte. O filme chega a ser cômico na parte que ele tenta ser um pai, só que desnorteado, dando leite condensado para a criança. É a humanização do que é considerado bandido, demônio e marginal. Lembrei da guerra que acontece no Rio porque não há como separar esse contraste de luxo e pobreza, tráfico e consumidor, a orla e o morro, o Cristo e o inferno. E o rapaz que um dia foi uma criança que conheceu o sofrimento tão cedo em Joanesburgo é o mesmo rapaz que viu o familiar sendo morto pela hipocrisia da sociedade na periferia daqui. Não estou defendendo ninguém, deixo claro. Mas o tempo está passando e a criança de hoje será o herói ou o bandido de amanhã. E faz medo. Muito medo. O que vimos no Rio e o que filme retrata é apenas a ponta de um imenso iceberg. Ou vai dizer que não temos culpa?   


9.3      

Infância Roubada
2005. 94 min. Drama. 14 anos. Presley Chweneyagae, Terry Pheto, Kenneth Nkosi
        

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Beatas, carolas e santas

    

               Engraçado como as pessoas nos chamam de expressões citadas no título sem ao menos nos conhecer. E nos dirigem com essas palavras na forma mais preconceituosa possível. Lembro de algumas situações na época do colégio em que eu fui apontada como a tal. Apenas era calada, quieta, tímida e adolescente. Quando se tem uma deficiência, o ser humano tenta ser igual a todo mundo, copiando o que todos fazem ou deixam de fazer.  Esse foi o meu caso. Isso eu chamo de aceitação. E foi um erro.  Um grande erro. Aceitava tudo calada pra compensar o que eu não tinha e o que todos possuíam: a audição. E daí ouvia das pessoas a expressão sonsa. Beata, carola e santa. Na verdade, esses termos são utilizados pra quem já partiu para o outro lado e está são, daí a origem da palavra santo. E só depois pode ser beato ou não. Mas discutir isso agora depende da fé de cada pessoa. E eu tenho a minha fé. O problema é que eu ainda ouço ser chamada de alienada, fraca, santa, "tapada", sem objetivo e carola pelo simples fato de pisar na Igreja. É, tem gente com alguma deficiência mesmo. E não sou eu. Mas sabe de uma coisa? É na tão mal falada Igreja que eu encontro o silêncio. Esse difícil silêncio que não se faz hoje. Onde posso encontrá-lo nesse turbilhão de mundo, gritos, vozes e choros? Você pode sugerir que eu feche a porta do quarto e fique ouvindo o nada. Mas a diferença é uma. A busca. É preencher o espaço que falta. É tentar encontrar as respostas das perguntas que me inquietam constantemente. E isso só o silêncio traz. Por ironia do destino eu o tenho de graça. Engraçado, não?          

domingo, 21 de novembro de 2010

Curta - Vida Maria




              
                  "Ô Maria José, invés de ficá perdendo tempo desenhando, vai lá pra fora procurar o que fazê, vai. Vai menina! Vê se tu me ajuda Maria José." Fico encantada como há tanta criatividade e sensibilidade nesse curta premiado aqui e no exterior, do diretor Márcio Ramos. A primeira vez que eu assisti foi no Festival Guarnicê de Cinema em 2007, ao ar livre, nas pedras de cantaria do Reviver. Momento único. O curta de 9 minutos conta a história de três Marias repetindo o mesmo ciclo de vida, vivendo na mesma casa e no sertãozinho do Ceará. Aqui o ponto mais brilhante do filme: todas elas, quando crianças, rabiscam um pequeno caderno, dando asas aos seus sonhos e imaginações. Mas a realidade sofrida do dia a dia acaba por iniciar um ciclo que nunca termina. Me fez pensar se eu sou diferente. E sou? Não. Não sou. Ninguém é. Somos todos Marias nos seus sertões e ciclos intermináveis. Infelizmente essa é a realidade. Simplesmente porque é a vida. Nascer, crescer, viver e morrer. Ponto final.


Vida Maria
Animação. 9 min. 2006. Márcio Ramos. Brasil

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Receita para a vida

           
                 
                      Calma. O que escreverei aqui não necessariamente é uma fórmula auto ajuda para alcançar o sucesso e tampouco uma verdade a ser considerada. É certo que é um título clichê. É certo que é uma lição pra mim. Dias desses fui fiscal de um concurso nacional muito organizado e minha função era a de recolher assinaturas, burocracias e medos. Sem dúvida alguma, talvez é o único lugar onde você pode olhar e observar melhor uma pessoa, sem que esta se sinta incomodada. Sentada naquela cadeira, vivi num laboratório de reações humanas durante 10 horas e mesmo sem fazer nada fiquei exausta. Sim. Não fazer nada adoece. Por isso me peguei olhando de canto para uns textos daqueles que já foram e que estavam organizados em cima da minha mesa. Não sou nenhuma expert em português ou gramática, mas não gostei do que li. Sério. Agora entendi porque anos atrás as pessoas não gostavam do que eu escrevia. Colecionei zeros e prometi nunca mais escrever. Engano meu. Resolvi então não escrever para os outros, mas para mim mesma, pra lembrar que ainda vivo. Os outros tem milhões de gostos e particularidades, mas só você entende você. A gente escreve pra sair da mesmice do dia a dia, tentar trazer uma visão nova de uma vista cansada e melhorar o que não nos contenta. É uma forma de respirar. Descobri que a gente nasce pra gerar o novo no mundo, sem mudar o que já estava ali primeiro. É como fazer um bolo. Ponho os mesmos ingredientes que minha bisavó colocava nos tempos dela. Mas acrescento algo novo. Uma pimenta, uma canela, umas castanhas ou uns confetes. Talvez dê certo. Quer um pedaço?



Para meu amigo Marcos Atahualpa 
por ter me lembrado de fazer um bolo.

sábado, 23 de outubro de 2010

Livro - A Sangue Frio






                 Minha irmã, voltando de viagem, trouxe esse livro na bagagem e deixou em cima da mesinha do quarto. Conversamos sobre como foi a estadia em São Paulo e perguntei do livro de capa vermelha. Engraçado que ela "encheu a bola" da obra de Capote e resolvi folhear algumas páginas. A imagem que ficou marcada foi a foto 3x4 de dois sujeitos na prisão e os rostos sorridentes de uma família. É um romance não-ficcional e o melhor na categoria jornalística. A história fala da real história do assassinato da Família Clutter, moradores de uma pacata cidade no oeste de Kansas (EUA) em 1959. Capote escreveu detalhadamente a investigação policial sobre a morte de quatro pessoas dessa família e o melhor do livro é que ele relata tudo o que os assassinos fizeram antes do fatídico dia até o momento da execução penal. No texto de orelha do livro diz: "Para narrar a trajetória dos assassinos, Perry Smith e Dick Hickcock, da cena do crime ao corredor da morte a que terminariam condenados, o autor obteve a amizade e a confiança irrestritas dos dois criminosos. Nada escapou ao olhar do repórter: o dia-a dia da comunidade, os derradeiros instantes de cada vítima, a repercussão, a aridez arrebatadora das paisagens de Kansas." Todos já se foram, mas parece que ainda estão vivos. É um livro que pára no tempo e te insere na mente dos criminosos revelando o que eles faziam, o que gostavam e o que eles sonhavam. É insano. Me fez pensar que hoje em dia a maldade virou popstar e a manchete da violência, uma piada corriqueira. É um bom livro pra quem gosta de romance policial, jornais de 0,25 centavos e quer entender o que se passa na cabeça de assassinos. E isso eu tento entender até hoje.


Trecho do livro (p.145)

"Uma pessoa que faz uma coisa daquelas só pode ter algum problema", disse Perry.
"Me deixa fora dessa, meu querido",  disse  Dick. 
"Eu sou normal". E Dick falava sério. Achava-se uma pessoa equilibrada , 
tão saudável quanto outra qualquer - talvez um pouco mais esperto que a média, e só.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Que vença o melhor



                  Prometi pra mim mesma que não ia mais discutir sobre a esfera política, mas diante de muitos emails, pedidos e notícias falsas, resolvi colocar um ponto de interrogação aqui. No meu ouvido está soando aquela música de disputa vale tudo, mais precisamente a trilha de Rocky Balboa. Todo mundo tem direito de escolher quem vai direcionar o Brasil, e não é um assunto isolado, que tomou conta das propostas dos candidatos, que vai decidir o rumo. Não estou defendendo ninguém nessa última etapa da eleição, nem levantando bandeira, apenas exijo respeito por quem eu estou votando. Lamento o número de emails com histórias cabeludas e uma quantidade x de pessoas que me pediram pra não votar por questões que ainda não entendi. Me apresente as propostas do seu candidato e compararei com as do meu. Simples. É triste ver essa briga mesquinha de interesses particulares. Eu tenho as minhas razões de votar em quem eu acho que é bom. Comparei, refiz os cálculos e mudei de opinião. Se eu anular, não vão aceitar minhas reclamações posteriores. Em tempos de verde, é mais que necessário uma eleição limpa, como cada um mostrando as propostas do seu candidato e não intimações, fantasias e dia das bruxas. Que país é esse? Não sei. Mas fico com a posição da minha querida Marina: "- saiam do ringue e subam no palanque." Um aviso à todos os apostadores: que vença o melhor. O Brasil. 


"Já que tá aí,
Pela metade, mas tá
Melhor cuidar
Pra peteca não cair
Pra não deixar escapulir
Como água no ralo
Aquilo que já fez calo
Doeu feito joanete
Castigou nosso cavalo
Cortou como canivete
Feriu, mexeu, mixou
Nunca comeu melado
Vai lambuzar
Se vacilar pode cantar pra subir
Porque não dá pra começar todo rolo de novo
Se o bolo ficar sem ovo
Se a massa não tem fermento
Se não cozinha por dentro
Vai tudo por água abaixo..."

Agora Tá - Elis Regina

domingo, 17 de outubro de 2010

Fazer cinema é barato. É um barato mesmo!

               

                 Em junho de 2010 fiz uma oficina chamada "O Som em Cena" ministrada pelo compositor e arranjador Beto Strada. Pra quem não o conhece, ele é o autor de trilhas sonoras de Renato Aragão Produções. Isso mesmo, o Didi da minha infância, os filmes que marcaram o tempo da Sessão da Tarde: Cinderelo Trapalhão, Os Trapalhões na Guerra dos Planetas e etc. Ele desenvolveu também outros trabalhos com o eterno Zé do Caixão e ministra pelo Brasil afora workshops sobre o som no cinema. Imagina um trabalho divertido e incrível! Se não fosse um jogo do Brasil na Copa, teríamos tempo suficiente pra trabalhar e soltar a imaginação ainda mais. Além da parte teórica sobre o som na história cinematográfica, trabalhamos 8 horas sem descanso (nem vi a cor do almoço naquele dia) na produção de um Foley para Betty Boop. Foley nada mais é do que fazer um som, ruído ou barulho para uma determinada cena do filme. Por exemplo: quando Seu Madruga furioso bate no Chaves, aquele som é produzido em estúdio e adicionado no filme. Nunca uma cabeça daquele tamanho faz um som de metal. Foi um trabalho maravilhoso e incrível. Solta a imaginação e você nem quer reparar a cor do almoço (bolachas).  A sala não dispunha de materiais profissionais ou acústica. Apenas um microfone, um notebook e o melhor programa de edição de vídeos: Sony Vegas. Ou seja, qualquer um pode trabalhar, se divertir e criar ao mesmo tempo. Isso é cinema.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Filme - Escritores da Liberdade




               15 de outubro. Escritores da Liberdade. Tudo a ver. Assisti uma única vez e é difícil não gostar do que ele trata: a professora que muda um cenário caótico de intolerância, preconceito e violência em uma sala de aula. Poderia ser uma historinha utópica, que só existiria no cinema. Não. É baseado em fatos reais. Erin (Hilary Swank) é uma professora novata que vai lecionar Língua Inglesa e Literatura em uma escola do subúrbio da cidade para alunos considerados problemáticos, racistas e sem perspectiva de vida. Não foi fácil. Mas ela lutou e conseguiu o que queria: que cada um escrevesse um diário. Um simples diário baseado no livro símbolo do holocausto: "Diário de Anne Frank". Através dele,  começaram a escrever o que faziam, o que falavam e o que sentiam. Na vida real, os alunos organizaram seus escritos e publicaram o livro "O Diário dos Escritores da Liberdade" lançado nos EUA.  Penso eu que esse filme não é só para educadores ou pedagogos, mas pra todos nós, sem exceção. Somos todos professores. Cada um ensina um pedaço de si. Mesmo que não tenha uma caderneta em mãos.     


9.7


Escritores da Liberdade 
2007. 123 min. Drama. Hilary Swank, Patrick Dempsey, Scott Glenn
 

sábado, 2 de outubro de 2010

Filme e Livro - O menino do pijama listrado




                Baseado no livro de John Boyne, o filme retrata sobre o holocausto e o nazismo do século passado. A minha surpresa é que o filme é diferente de alguns que assisti sobre esse tema. Ele retrata a história de Bruno, um menino de 8 anos, filho de comandante nazista, que se muda com a família para uma casa perto de um campo de extermínio. Sem amigos, sem escola e sem a atenção dos pais, ele acaba explorando os arredores da casa e encontra o campo. A sua felicidade foi descobrir um menino de pijama listrado e a partir daquele momento surge uma amizade que nem a cerca conseguiu separar. Nenhum dos dois compreende muito bem o que está acontecendo e a inocência prevalece em todo filme, até mesmo no final. Este surpreendente, que não me fez conseguir segurar o nó na garganta e acabou desatando tudo. De todos os filmes que assisti sobre 2ª Guerra Mundial, esse me comoveu muito por retratar um olhar de uma criança sobre as maldades do mundo. E isso dói. Na alma.


Texto de orelha do livro
"Caso você comece a lê-lo, embarcará em uma jornada 
ao lado de um garoto de nove anos chamado Bruno. 
E cedo ou mais tarde chegará com Bruno a uma cerca. 
Cercas como essa existem no mundo todo. 
Esperamos que você nunca se depare com uma delas."

9.8


O menino do pijama listrado
Drama. 93 min.  Asa ButterfieldZac Mattoon O'BrienDomonkos Németh

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Da janela do ônibus



                
              Horário de pico. Terminal lotado. Não consegui entrar no segundo ônibus e mesmo assim, a fila continuava um formigueiro. Alguém vai mostrando as principais notícias da cidade por 0,25 centavos. Outro vai gritando "balinha, balinha, trident!" Me distraio com a música do bar no cais lá fora, com o volume alto e cantando amores sofridos. Sem querer, meu pé bate de acordo com o ritmo que toca. E a noite vai caindo lentamente no mar. Como sardinha em lata, entro no terceiro ônibus e começo a viagem. Sorte minha que tive tempo de encontrar um lugar perto da janela. É aonde tudo acontece. Do lado de fora, a mesma paisagem de todo dia, como se fosse um quadro de parede. As buzinas tocando como sinos em casamento e ainda dos mesmos modelos de carro. O vermelho sendo odiado por muitos e o verde causando a sensação de alívio. É sempre assim. Da janela do ônibus ao lado, me incomodo do modo como o outro me olha, como se eu fosse inimiga, mas me lembro que também ele deve pensar a mesma coisa. Interessante quando é criança;  ou ela dá língua ou te olha inconstantemente, até você abrir um sorriso ou uma levantada na sobrancelha. Do lado de dentro, as expressões cansadas das pessoas, o modo como ficam em pé, em um corredor de 80cm de largura e o desespero de encontrar um lugar pra sentar. Ainda tem aqueles que vão na porta reclamando do motorista e  rindo da própria vida que leva. Fazer o quê? É o jeito. Se tem uma coisa que aprendi ao andar de ônibus foi essa: em um lugar de tantas gentes, cheiros, cores e sufoco, ainda é um melhor local pra você parar e pensar no que fez ou ainda vai fazer. Até chegar na sua parada final, você já descobriu o nome daquela música em que só cantava o refrão. No meu caso, uma música de Pato Fu: Uh Uh Uh La La La Le Le... 

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Se eu pudesse falar com Deus



                  Se eu pudesse falar com Deus, faria muitas perguntas como de uma criança no colo do Pai querendo conhecer o mundo "- Mas porque?". Aquele colo parecido de quando era pequena, que com medo ou tristeza fugia para os braços largos e cansados de papai no fim da tarde. Não vejo Deus com os olhos daqueles que querem provar que Ele existe. Como ir pro espaço e não O encontrar. Não vejo Deus como um senhor barbudo que vive condenando os pobres mortais do andar de baixo por não fazer aquilo que Ele quer. Há quem acredite que Ele só funcione através do sistema de trocas, como na época do senhores e vassalos. Não olho Deus como um homem que vive longe nas nuvens espiando as nossas tragédias sem fazer nada. E tampouco acredito que Ele nos jogou nesse mundo à própria sorte pra servir de experimento como ratos de laboratório. Não. Ele tem bom humor. Tem poesia. Tem beleza e talvez até viva de música. Só escutar o vento, o barulho do mar, o som da chuva, a água do rio que corre. Só ver a linha do horizonte e tentar descobrir o que é que tem do outro lado. Só tentar medir a quantidade de gotas que compõe o imenso oceano. É perfeito. Na ânsia de querer tanto encontrar Deus, esquecemos pequenos momentos onde talvez Ele parou, sentou e ficou ali quietinho. Se Deus não existisse, um homem pobre vindo dos quintais miseráveis de Roma não teria mudado o mundo há mais de 2000 anos. Outro alguém mudou tanto? Nessas conversas de crenças, de quem é o melhor, quem é o pior, quem faz mais, quem faz menos, quem está errado, quem está certo, prefiro continuar dedilhando umas notas no violão na certeza que Ele vai parar ali e cantar comigo. Nem que eu não O escute. Eu cantarei.

DVD Elis Regina Carvalho Costa - Série Grande Nomes TV Globo


                 


          Elis costumava dizer que se Deus cantasse teria a voz de Milton Nascimento. Pro lado de cá, digo que se o Brasil cantasse teria a voz de Elis. Vi isso nessa apresentação gravada em 1980 pela TV Globo. Nunca me senti tão brasileira ao ver Elis cantando em um circo. Alusão ao cenário político na época? Hoje é diferente? Creio que não. Dá pra ver o Brasil latejando nas veias de Elis e em algumas músicas ela chora e canta. Mesmo 30 anos depois, ela permanece viva e faz questão de mostrar isso no show. Sorte minha de achar uma cópia na casa de um amigo. Agora, meu Brasil está guardadinho.  

Elis Regina Carvalho Costa - Série Grande Nomes TV Globo
15 faixas. 67 min. Algumas do dvd: Querelas Do Brasil, Alô Alô Marciano, O Bêbado e a Equilibrista. Preferências: Agora tá, O Que Foi Feito Devera,  Conversando no Bar, Redescobrir. 

Chaplin, Chaplin...



                Faltava eu falar de um certo senhor que viveu no século passado, que por ironia do destino tornou-se o maior ícone do cinema mundial e mudo mudou o mundo. Senti falta de escrever sobre ele e seus filmes aqui no blog. A primeira vez que o vi foi num quadro que tinha lá na casa da minha infância,  uns 243 km e 5 horas de distância daqui. Na parede da sala imensa estava pendurada a pintura colorida impressa de Chaplin e um garotinho sentado na porta. Como toda criança e sua imaginação, achava que Chaplin só existia naquele quadro e que ele sairia a qualquer momento. De madrugada eu corria do quarto pro banheiro e vice-versa com medo do olhar dele me seguindo. Era surreal. E foi assim até eu me mudar pra capital e conhecer em preto e branco o homem que me assombrou e me fascinou com aquele olhar triste de uma criança, enfim, feliz. Chaplin, Chaplin...  A minha primeira coleção com os melhores filmes foi em VHS vendida nas bancas e fazia questão de rebobinar a fita (nossa, quanto tempo não uso essa expressão). Agora, aqui estou  - 13 anos depois - com todos os filmes, curtas e documentários de Chaplin presenteados por um anjo. Que presente meu anjo. Se eu pudesse resumir Chaplin em uma palavra seria inspiração. Como pessoa, como profissional. Só ele me fez acreditar que a vida muda com um sorriso e uma pitada de humor:  - "Sorria, de que adianta chorar? Você descobrirá que a vida ainda continua se você apenas sorrir." E não é que ele estava certo? 




ó Carlito, meu e nosso amigo, teus sapatos e teu bigode
caminham numa estrada de pó e de esperança.


(Carlos Drummond de Andrade)


Melhores momentos de Chaplin

Os ponteiros do tempo



              
                 Anoiteceu e mais um dia se foi. Ás vezes é difícil imaginar o dia sem problemas, sem o barulho da cidade, sem as chateações do trabalho e o stress de conviver com o defeito dos outros. A nossa vida é fundamentada na busca de um pão, de um lugar ao sol, batalhamos hoje para usufruir nofuturo. Quem garante? A vida não perdoa ninguém, prega peças e muda o jogo quando bem entende. Quem não se lembra dos jovens ideais da revolução contra a ditadura, toda aquela esperança de um mundo fraterno e igualitário? Eles fracassaram... Hoje vivem de terno e gravata atrás de uma mesa com as papeladas sujas do Brasil. A minha conclusão é que com toda essa facilidade do mundo globalizado, nós criamos um outro tempo e nada tem a ver com o relógio tradicional. Esse tempo nós não controlamos, não tem ponteiro e nem sequer números. Ele é medido pela quantidade de tarefas que iremos executar ao longo do dia. Se eu tenho muito trabalho, reunião e mil e um afazeres, o meu relógio deveria ter 30 horas...24 horas é muito pouco pra tamanha preocupação com o futuro. Cursos, formações, faculdades, empregos... pra quem é isso? Planejamos, planejamos, planejamos...queremos os melhores empregos, queremos as melhores escolas, queremos os melhores cargos... Como dizem que tempo é dinheiro, então estamos perdendo tempo. Saber viver ninguém sabe, somos imperfeitos, insatisfeitos...se faz chuva reclamo, se faz sol reclamo...essa é fraqueza do ser humano: ser imperfeito. O tempo sempre foi o mesmo, fomos nós que mudamos com o tempo.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Disco - Rodrigo Caracas Instrumental




         Me lembro bem. Foi há 10 anos que encontrei em cima da mesa da cozinha uma caixinha personalizada. Dentro dela continha um CD com a sombra de um piano na pena . Como gostei do cheiro do novo e daquela caixinha, coloquei pra tocar. Minha surpresa era que não conhecia quase nenhuma música, mas aquelas melodias me fascinaram. Na época era louca por Nirvana, Hanson, Silverchair e todo aquele cenário adolescente musical de 2000. Deixei de lado aquelas notas de piano, esqueci e o tempo passou. Agora, por uma feliz coincidência, visitei o blog de um amigo - Música Maranhense  - e vi o CD de Rodrigo Caracas entre os posts. O melhor da música maranhense em notas pianíssimas. Tem coisa melhor?  Não tem.

Refluxo Gástrico Eleitoral

      

                Enquanto lia uma reportagem de um jornal local sobre as eleições no estado, senti mal estar, tontura, falta de ar, náuseas, agonia e indignação. Drama? Então olha só. Uma candidata tem o maior tempo na televisão do que os outros e um jornal a seu favor, um esquerdista apoia a candidatura de uma ex-dama que pelos boatos, namorou pai e filho; um velho estripador, aquele que todos esperavam a tão sonhada mudança de livrar-nos do mal, volta com a cara mais lavada do mundo prometendo mudança (?), o filho do dono "dá carrim" no Supremo Tribunal e também... Chega! Pára que eu quero descer! Que sufoco! Ninguém percebe que é mesma ladainha que esses políticos fazem? Prometem, prometem... Eles são espertos. Pra quem não sabe o conteúdo da novela, aqui vai a sinopse: A Dona Branca e os seus anões (gente pequena mesmo) foi pro interior catar coquinho pro pai e fazer farinhada boa, o Estripador quer se vingar da Dona Branca e travar um duelo e um figurante quer ser Robin Hood. Final da novela: os bestas aqui chupando dedo com nariz de palhaço. Oba! O circo vai começar! Francamente. Desculpem pelas palavras duras, mas é uma verdade pra mim. Se o voto é uma arma, infelizmente pra mim é inútil por que nem bala tem. Em quem vou votar? Que candidato? Esses? Han... acho melhor ir ali na farmácia comprar um remédio... não aguento.


" Porcos num chiqueiro 
São mais dignos que um burguês
Que vive do seu trabalho honestamente
Mas este quer construir um país
E não abandoná-lo com uma pasta de dólares 
O bom burguês é como o operário
É o médico que cobra menos pra quem não tem
E se interessa por seu povo
Em seres humanos vivendo como bichos
Tentando te enforcar na janela do carro
No sinal no sinal"

(Burguesia- Cazuza)
  

Por que o som da chuva?


                  Dia desses me encontrei presa no trânsito caótico de meio dia. Sorte a minha ter uma companhia pra me distrair do calor, da impaciência e da raiva naquele horário. Conversa vai, conversa vem e tocamos no assunto que referia a esse blog. Já tinha feito alguns textos em 2008 e postei na rede no mesmo ano. Parei e retornei agora, dois anos depois, porque necessitava escrever pensamentos, dúvidas e o que eu acho que vale a pena pra mim. São inquietações minhas. São registros meus. Foi quando veio a pergunta: Por que o som da chuva? No calor daquele horário era impossível pensar em uma resposta mais profunda. Se bem que uns chuviscos fariam diferença. Mas a questão é que o som da chuva sempre me acompanhou desde pequena, adorava olhar os pingos caindo do céu, sentir o cheiro de terra molhada e ouvir o som na janela ou no chão: era a minha música. É certo que algumas pessoas  preferem o sol. Também gosto. Mas quem resiste a um friozinho? Depois de muito tempo fui perceber porque eu amava olhar o céu cinzento, com as nuvens azuladas carregadas prenunciando um temporal: era o momento de eu parar tudo. Não sei se já aconteceu isso com você, mas preste atenção que quando chove, seu olhar fixa-se em um ponto e é difícil não refletir, pensar e lembrar o que você já fez ou quer fazer ainda. Se ainda não fez, recomendo. Sem o som da chuva talvez você não conseguiria ficar quieto. Falo isso porque sou surda. Já fiz a experiência. É estranho porque o som te deixa concentrado. Tem exceções, lógico. Culpa do relógio. Mas minha intenção ao criar o blog partiu desse princípio: enquanto o mundo pede pressa, acelera, se transforma e muda, a chuva vem pra acalmar e desacelerar um pouco a vida. Esse blog é o meu guarda-chuva. Quer entrar?
"Eu perdi o meu medo
O meu medo, o meu medo da chuva
Pois a chuva voltando
Pra terra traz coisas do ar
Aprendi o segredo, o segredo
O segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar"
(Medo da Chuva - Raul Seixas)

DVD Milton Nascimento Acústico na Suíça





                Milton é aquele cara que sabe que ele é bom (bom mesmo), mas prefere abrir o coração para o novo e o simples, sem deixar cair na arrogância de ser um dos gigantes da MPB. Vi isso outro dia na televisão, quando ele abriu a porta da sua casa para um senhor humilde que precisava ensaiar uma música sua e cantar para uma platéia. Mesmo sendo um monstro consagrado da música brasileira, ele não se envaidece com esse título, diferente de alguns que vivem numa bolha intelectual, em um planeta distante sabe lá aonde. Mas são feras. Essa é uma opinião. Concorde ou não. No show acústico gravado na Suíça, em 1981, Milton canta algumas principais músicas da sua carreira apenas com um violão acompanhado de Wagner Tiso. É inesquecível. (O que falar de San Vicente, Travessia e Canção do Sal?) É pela sinceridade e humildade quando canta que afirmo o que Elis Regina (a sua eterna musa) falou sobre ele: "Se Deus cantasse, cantaria com a voz de Milton Nascimento". Quem sou eu pra discordar? 

DVD Milton Nascimento Acústico na Suíça


13 faixas. 52 min. 
Algumas do dvd: Nada Será como Antes, Travessia, Outubro, Para Lennon e Mc Cartney. Preferências: San Vicente, Canção do SalTravessia Circo Maribondo. 

Filme - Pequeno Milagre





              Poucos dramas tem a capacidade de fazer sorrir e chorar como "Pequeno Milagre". É baseado no livro de Jonh Irving (O Mundo segundo Garp) e adaptado para o cinema. A primeira vez que vi esse filme foi em 2000 no canal aberto e lembro que assisti com minha irmã. Na época, choramos muito com a história de um garoto de 12 anos que nasceu com uma doença que impede seu crescimento e é considerado um monstrengo, um zero à esquerda na cidade. Ele é muito zombado pelos outros e apenas o melhor amigo Joe acredita nele. Juntos compartilham amizade, histórias, paqueras e sonhos até que um dia Simon mata acidentalmente a mãe de Joe. Achei estúpida a forma como ela morreu: ele a acertou na cabeça sem querer com uma bola de beisebol. Mas o interessante do filme é que Simon se culpa por isso e tenta descobrir qual sua missão no mundo. Fala e reclama com Deus sobre a sua vida e não tem medo de enfrentá-Lo. Até que um dia descobre porque veio à terra. Deus havia preparado tudo. É um filme que toca profundamente, reflete a questão das pessoas consideradas anômalas pela sociedade e faz você repensar do que realmente importa na vida. Demorei muito tempo pra valorizar certas coisas até que lembrei e revi esse filme. Valeu a pena. É marcante. 

9.3   

Pequeno Milagre
113 min. 1998. Drama. Ian Michael Smith, Joseph Mazzello.

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