Horário de pico. Terminal lotado. Não consegui entrar no segundo ônibus e mesmo assim, a fila continuava um formigueiro. Alguém vai mostrando as principais notícias da cidade por 0,25 centavos. Outro vai gritando "balinha, balinha, trident!" Me distraio com a música do bar no cais lá fora, com o volume alto e cantando amores sofridos. Sem querer, meu pé bate de acordo com o ritmo que toca. E a noite vai caindo lentamente no mar. Como sardinha em lata, entro no terceiro ônibus e começo a viagem. Sorte minha que tive tempo de encontrar um lugar perto da janela. É aonde tudo acontece. Do lado de fora, a mesma paisagem de todo dia, como se fosse um quadro de parede. As buzinas tocando como sinos em casamento e ainda dos mesmos modelos de carro. O vermelho sendo odiado por muitos e o verde causando a sensação de alívio. É sempre assim. Da janela do ônibus ao lado, me incomodo do modo como o outro me olha, como se eu fosse inimiga, mas me lembro que também ele deve pensar a mesma coisa. Interessante quando é criança; ou ela dá língua ou te olha inconstantemente, até você abrir um sorriso ou uma levantada na sobrancelha. Do lado de dentro, as expressões cansadas das pessoas, o modo como ficam em pé, em um corredor de 80cm de largura e o desespero de encontrar um lugar pra sentar. Ainda tem aqueles que vão na porta reclamando do motorista e rindo da própria vida que leva. Fazer o quê? É o jeito. Se tem uma coisa que aprendi ao andar de ônibus foi essa: em um lugar de tantas gentes, cheiros, cores e sufoco, ainda é um melhor local pra você parar e pensar no que fez ou ainda vai fazer. Até chegar na sua parada final, você já descobriu o nome daquela música em que só cantava o refrão. No meu caso, uma música de Pato Fu: Uh Uh Uh La La La Le Le...
Vem aí: a data mais assustadora do ano!
Há 4 semanas
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