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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Beatas, carolas e santas

    

               Engraçado como as pessoas nos chamam de expressões citadas no título sem ao menos nos conhecer. E nos dirigem com essas palavras na forma mais preconceituosa possível. Lembro de algumas situações na época do colégio em que eu fui apontada como a tal. Apenas era calada, quieta, tímida e adolescente. Quando se tem uma deficiência, o ser humano tenta ser igual a todo mundo, copiando o que todos fazem ou deixam de fazer.  Esse foi o meu caso. Isso eu chamo de aceitação. E foi um erro.  Um grande erro. Aceitava tudo calada pra compensar o que eu não tinha e o que todos possuíam: a audição. E daí ouvia das pessoas a expressão sonsa. Beata, carola e santa. Na verdade, esses termos são utilizados pra quem já partiu para o outro lado e está são, daí a origem da palavra santo. E só depois pode ser beato ou não. Mas discutir isso agora depende da fé de cada pessoa. E eu tenho a minha fé. O problema é que eu ainda ouço ser chamada de alienada, fraca, santa, "tapada", sem objetivo e carola pelo simples fato de pisar na Igreja. É, tem gente com alguma deficiência mesmo. E não sou eu. Mas sabe de uma coisa? É na tão mal falada Igreja que eu encontro o silêncio. Esse difícil silêncio que não se faz hoje. Onde posso encontrá-lo nesse turbilhão de mundo, gritos, vozes e choros? Você pode sugerir que eu feche a porta do quarto e fique ouvindo o nada. Mas a diferença é uma. A busca. É preencher o espaço que falta. É tentar encontrar as respostas das perguntas que me inquietam constantemente. E isso só o silêncio traz. Por ironia do destino eu o tenho de graça. Engraçado, não?          

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